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Autora: Manuella Zattar Medeiros

Colaboradores: Izabela Willemann e Jamille Lunkes


Introdução[]

As reações alérgicas são manifestações bastante comuns do nosso sistema imunológico, podendo afetar tanto recém-nascidos como os mais idosos. Em nosso organismo, uma gama imensa de células está sempre pronta para nos defender dos mais diversos tipos de “ameaças”, como microorganismos (bactérias, vírus, protozoários), moléculas estranhas, toxinas e outros tipos de substâncias que possam porventura causar dano ao nosso corpo.



Nosso sistema de defesa Para entender a fisiologia da reação alérgica, é importante relembrar rapidamente como o sistema imune funciona. Em termos genéricos, as células do sistema imunológico – os leucócitos – estão o tempo todo monitorando a circulação sanguínea e cada um dos nossos vários órgãos, com intuito de assegurar a integridade do nosso organismo. Em nossas células há uma “marca de identificação” – os HLAs – que possibilita ao sistema imunológico diferenciar o que faz do que não faz parte do nosso corpo. Assim, quando uma molécula estranha (que não tem a “marca de identificação” igual a das nossas células) entra no nosso corpo, os leucócitos são mobilizados para o combate a esse agente estranho. As células do sistema imunológico estão ilustradas na figura a seguir:

Figura 1


Fisiologia da alergia[]

A alergia é o exemplo mais comum de reação de hipersensibilidade tipo I, ou hipersensibilidade imediata. Para que o indivíduo desenvolva algum tipo de reação, é preciso que haja uma primeira exposição à substância estranha – nesse caso, o alérgeno – para que o sistema imune “aprenda” que deve se defender dessa substância. Assim ocorrem várias reações que levarão às células produzirem anticorpos específicos contra o alérgeno. É possível estabelecer certa seqüência de eventos desde a primeira exposição à substância irritante até a manifestação dos sintomas:

1- Algumas pessoas têm propensão maior a desenvolver alergia a certos compostos do que outras. Quando esses indivíduos são expostos pela primeira vez a um alérgeno, os linfócitos B são estimulados a produzir anticorpos do tipo IgE específicos contra essa substância.

2- Os anticorpos produzidos vão se ligar em receptores para IgE nos mastócitos/basófilos. É dessa ligação que consiste a sensibilização: a partir dessa, os mastócitos do indivíduo estarão “armados” e, caso o alérgeno penetre no organismo novamente, eles serão ativados para combatê-lo.

3- No caso de uma segunda exposição, ocorrerá a ligação do alérgeno no anticorpo do mastócito, o que leva à sua ativação. A ativação dos mastócitos produz três respostas: primeiro, ocorre degranulação (liberação dos conteúdos dos grânulos); além disso, há síntese e secreção de mediadores lipídicos e de citocinas¹.

Figura 2


Além dos casos de reação a substâncias, em algumas pessoas os mastócitos reagem anormalmente em resposta a variações extremas de temperatura, ou ainda a exercício extremo. Nesse caso, não há atividade mediadora das células do sistema imune, nem de anticorpos IgE, e a reação é chamada de “alergia não-atópica”.

Ação dos mediadores dos mastócitos Dentre as substâncias liberadas pelos mastócitos na degranulação, pode-se destacar a histamina, a qual provoca vasodilatação e aumento da permeabilidade dos vasos; além da histamina, ocorre liberação de proteases, que podem lesar o tecido local¹. O mastócito sintetiza e libera prostaglandinas (promovem vasodilatação), leucotrienos (provocam contração de músculo liso) e citocinas. As citocinas são pequenas moléculas protéicas capazes de atrair leucócitos para o local onde está ocorrendo a reação alérgica. Os leucócitos atraídos serão responsáveis pela reação de fase tardia¹, a qual ocorre mais tarde em relação à reação alérgica. Essa reação é caracterizada basicamente pela lesão tecidual ocasionada pelo processo inflamatório que os leucócitos recrutados provocam, além da ação das enzimas proteolíticas liberadas pelos mastócitos.


Síndromes e Alérgenos Comuns As alergias podem ter diferentes manifestações clínicas, que variam muito de acordo com características próprias dos indivíduos, e de acordo com o alérgeno ao qual o indivíduo é exposto. O tipo de manifestação pode variar desde edema cutâneo (como nas alergias de pele), urticárias, aumento de secreção nasal, até formas mais graves como o choque anafilático. A rinite alérgica, por exemplo, é uma reação que ocorre quando alérgenos são inalados, e toda a reação inflamatória ocorre na mucosa nasal, provocando aumento da produção de secreções mucosas, o que caracteriza os sintomas da rinite. Poucos sabem que a própria asma brônquica é um tipo de alergia. No caso da asma, alérgenos inespecíficos são também inalados, e acabam estimulando os mastócitos dos brônquios a liberarem, entre outras substâncias, leucotrienos. Como já estudado, os leucotrienos provocam contração da musculatura lisa, e nos brônquios são responsáveis pela obstrução das vias aéreas que leva à dificuldade respiratória em intensidades variadas.

Figura 2

As alergias alimentares seguem a mesma linha fisiológica de desencadeamento: algumas moléculas que compõe alimentos podem provocar sensibilização e ativação de mastócitos. Cada indivíduo pode ter alergia a determinado alimento. Dentre os principais alimentos que podem provocar reação alérgica estão o amendoim, frutos do mar (crustáceos), leite, ovos, glúten, entre outros. Nessas pessoas, a liberação de histamina pelos mastócitos provoca aumento da atividade peristáltica, resultando principalmente em diarréia, podendo haver também outras manifestações cutâneas associadas.

<<<Figura 4>>> Fonte: http://nickmartins.com.br/atualidades/?tag=alergia-alimentar

Em se tratando de doença, casos extremos também podem acontecer. No caso da alergia, a manifestação mais séria é a anafilaxia sistêmica. A anafilaxia é caracterizada por vasodilatação generalizada e conseqüente queda da pressão arterial, com edema e dificuldade para respirar. A reação anafilática pode ser desencadeada mais comumente por venenos de insetos, como abelhas, formigas, ou alimentos. Além desses, medicamentos como a penicilina e seus derivados tem em sua composição moléculas que se ligam a anticorpos, podendo ativar a degranulação de mastócitos em todo o corpo, desencadeando de modo semelhante a reação anafilática. Quantidades muito pequenas do antígeno podem provocar uma reação muito importante no indivíduo sensível. Pouco tempo após a exposição ao alérgeno o indivíduo pode apresentar coceira, urticária, seguida por rápida dificuldade de respirar. Pode haver ainda cólicas abdominais, vômitos e obstrução da laringe. A morte pode ocorrer antes mesmo de uma hora após a exposição ao alérgeno.

Tratamento

O tratamento das reações alérgicas tem como objetivo inibir a ativação e degranulação dos mastócitos, com intuito de que não ocorra a reação inflamatória mediada por essas substâncias. Podem ser usados anti-histamínicos, que bloqueiam a ação da histamina. No caso de uma reação inflamatória tardia importante, os corticóides têm papel importante na prevenção de danos para o indivíduo. No caso da anafilaxia, é importante intervir rapidamente com um agente vasoconstritor, como a epinefrina.



Referências Bibliográficas[]

Imunologia Básica – Funções e Distúrbios do Sistema Imunológico: Andrew Lichtman, Abul Abbas.

Patologia – Bases Patológicas das Doenças: Robbins & Cotran.

Tratado de Fisiologia Médica – Guyton & Hall


Links Relacionados http://www.saudeinformacoes.com.br/bebe_alergia.asp http://saude.hsw.uol.com.br/sistema-imunologico.htm http://www.bancodesaude.com.br/guia-saude/alergia http://pathmicro.med.sc.edu/Portuguese/immuno-port-chapter17.htm http://estudmed.com.sapo.pt/imunologia/index.htm http://adam.sertaoggi.com.br/encyclopedia/ency/article/002229.htm http://www.todabiologia.com/saude/reacoes_alergicas.htm

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